Mostra pretende exportar teatro brasileiro ‘sem estereótipos’

A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo inaugura em sua quinta edição, que acontece de 1º a 11 de março, um projeto para auxiliar na internacionalização do teatro brasileiro.

Diretor artístico do festival, Antonio Araújo diz que a ideia é que a mostra sirva de ponto de partida para a “exportação” de peças. Para ele, a produção brasileira —à exceção de grandes nomes, como Zé Celso e Antunes Filho— ainda é pouco conhecida lá fora.

Ainda em caráter experimental, a MITbr – Plataforma Brasil pretende trazer cerca de 15 programadores de festivais estrangeiros e nacionais para assistirem a uma dezena de espetáculos nacionais.

Segundo o crítico Welington Andrade, que divide a curadoria da MITbr com Christine Greiner (PUC-SP) e Felipe Assis (Fiac-Bahia), a ideia era reunir espetáculos que dialogassem com as temáticas da MITsp, como a memória e a história, mas não reproduzissem um estereótipo do teatro brasileiro —o Carnaval, o samba, o olhar pitoresco sobre o negro.

“A a nossa preocupação é que [a MITbr] não fosse numérica, mas que tivesse um pensamento. A ideia é que não seja uma feira”, diz Andrade.

Fellipe Marques (à frente), Carolina Virgüez (ao fundo, à esq.) e Matheus Macena (à dir.) em “Caranguejo Overdrive”, d’Aquela Companhia (Lenise Pinheiro/Folhapress)

Outra preocupação é que não não se vissem as produções como cópias da linguagem dos teatros europeu ou americano.

Dessa forma, foram selecionados trabalhos de linguagem experimental, mas que discutissem a memória nacional.

É o caso de “Leite Derramado”, versão do diretor Roberto Alvim para o livro de Chico Buarque; “Caranguejo Overdrive”, da carioca Aquela Companhia, que critica a brutalização urbana a partir da construção do Canal do Mangue no centro do Rio; e “Hotel Mariana”, que utiliza uma técnica estrangeira, a “verbatim” (na qual os atores escutam entrevistas em fones de ouvido e reproduzem aquelas falas documentais), para falar do desastre de Mariana (MG).

As montagens serão legendadas em inglês, e os programadores receberão um dossiê de cada trabalho. Também haverá um seminário para debater a internacionalização do teatro.

Cada peça fará duas sessões, e os ingressos começam a ser vendidos às 13h do dia 23 de fevereiro. Haverá uma cota de 10% de entradas para serem vendidas no dia das apresentações.

peças confirmadas até o momento

  • “Caranguejo Overdrive”, do grupo Aquela Companhia (RJ)
  • “Leite Derramado”, do grupo Club Noir (SP)
  • “Dinamarca”, do Grupo Magiluth (PE)
  • “Canto para Rinocerontes e Homens”, do Grupo Teatro do Osso (SP)
  • “Vaga Carne”, de Grace Passô (MG)
  • “Hotel Mariana”, de Munir Pedrosa e Hebert Bianchi (SP)
  • “Nós, Os Outros Ilesos”, de Carolina Mendonça (SP)
  • “DNA do DAN”, de Maikon K (PR)
  • “De Carne e Concreto”, da Anti Status Quo Companhia de Dança (DF)
  • “Procedimento 2 Para Lugar Nenhum”, de Vera Sala (SP)
  • “A Emparedada da Rua Nova”, de Eliana de Santana (SP)
Grace Passô em cena do espetáculo “Vaga Carne” (Lenise Pinheiro/Folhapress)

 

programadores confirmados até o momento

  • Omar Valiño (Festival de Havana – Cuba)
  • Eva Neklyaeva (Festival de Santarcangelo – Itália)
  • Tomasz Kireńczuk (Dialog Festival – Polônia)
  • Rodrigo Francisco (Festival de Almada – Portugal)
  • Cordelia Grierson (Casa: Latin American Theatre Festival – Reino Unido)
  • Georg Weinard (Produtor independente – Suíça/Holanda)
  • Sandro Lunin (Kaserne Festival – Suíça)