Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto serão Edith Piaf e Bertolt Brecht em musical

Maria Luísa Barsanelli

O casal Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto prepara um novo trabalho musical em dupla, “A Vida em Vermelho – Brecht e Piaf”, dirigido por Bruno Perillo, com produção de Alexandre Brazil e dramaturgia de Aimar Labaki.

A peça lembra “Caravana Tonteria”, em que os atores, dirigidos por Arrigo Barnabé, criavam uma espécie de cabaré e interpretavam músicas de Cole Porter a Chico Buarque —ficou famoso na internet um vídeo de Sabatella cantando “Geni e o Zepelim”.

Em “A Vida em Vermelho”, o casal de atores interpretará uma dupla clownesca: Edith e Bertoldo, versões da cantora francesa Edith Piaf (1915-63) e do diretor alemão Bertolt Brecht (1898-1956). “Há um contraponto entre o racional de Brecht e o irracional de Piaf”, diz Sabatella. Ao mesmo tempo em que narram as histórias dos artistas, cantam composições deles, numa espécie de competição musical.

“O repertório deles é muito formador”, afirma a atriz. Haverá, contudo, músicas de outros autores. “Entra uma Rita Lee no meio, um Chico Buarque.” Os atores serão acompanhados de músicos no palco.

A montagem estreia no dia 6 de outubro no Sesc Santo André, no ABC paulista, e em novembro vai para o Sesc Santo Amaro, em São Paulo.

Reluz

 

Visagismos de Claudinei Hidalgo para as personagens Celeste (papel de Mel Lisboa) e Boca de Ouro (Malvino Salvador) na versão de Gabriel Villela da peça de Nelson Rodrigues; estreia em 11/8 no Tucarena (Imagem: Reprodução)

Eu sem ela Ao receber o troféu pelo conjunto da obra no prêmio Aplauso Brasil, na terça (11), Maria Alice Vergueiro chamou Renato Borghi ao palco. Lembraram de quando atuaram juntos em “O Rei da Vela”, nos anos 1970, e ele, que fará uma remontagem do espetáculo do Teatro Oficina, indagou: “Agora como vou fazer sem você?”. Ao que ela retrucou: “Ah, [a peça] não vai contar comigo?”.

Marcas Em “Para Não Morrer”, que acaba de estrear no Sesc Pinheiros, Nena Inoue contorce o corpo, deformando mãos, boca e pés, para dar forma a uma mulher marcada pela ditadura. “É muito simbólico que essa mulher, apesar de ter um problema físico, resiste e fala muito”, conta a atriz.

Pequeno ato

 

Homem: A casa vazia parece diferente.

Mulher: Quanto tempo foi, mesmo, que nós moramos aqui? 15 anos?

Homem: Não, foi menos. Foram menos de 10 anos.

Mulher: Pareceu tanto tempo.

Homem: Acho que foram 7 anos. Nós mudamos pra cá depois que a minha avó morreu.

Mulher: A sua avó estava viva quando nós mudamos pra cá.

Homem: Não, ela já tinha morrido. Essa mesa era da casa da minha avó. Eu fiquei com a mesa quando se desfizeram da casa dela.

Mulher: Essa mesa era o único móvel que nós tínhamos, quando viemos morar aqui.

Homem: (observa um vaso com uma flor murcha na mesa) Antes eu gostava muito de flor.

Mulher: Essa mesa você pode levar. É sua.

Homem: Às vezes, eu acho que as coisas da pessoa deviam ser enterradas junto com ela.

Trecho de “Escombro”, que o Grupo Sobrevento, com o Théâtre de Cuisine e o Théatrenciel, estreia em 11/8.