Companhia de Débora Falabella fará peça do inglês Mike Bartlett sobre idealistas dos anos 1970
Depois de “Contrações” (2013), o Grupo 3 de Teatro, dos mineiros Débora Falabella, Gabriel Paiva e Yara de Novaes, está preparando outro texto do inglês Mike Bartlett: “Love, Love, Love”, que estreia em janeiro no Oi Futuro, no Rio. A trama começa na década de 1970 e trafega pelos anos. Mostra os conflitos dos idealistas dessa época com gerações posteriores.
Será dirigida por Eric Lenate e terá no elenco Yara, Débora, Ary França, Rafael Primot e Mateus Monteiro.
Antes, porém, o Grupo 3 retorna com “Contrações” a cidades do interior paulista onde fez ensaios abertos da peça em 2013. Lá apresentavam cenas, ainda em fase de criação, a um público leigo, mostravam cenários, figurinos e faziam debates. Tudo —à época e agora— está sendo registrado pela companhia em vídeo, diz Gabriel.
Nas conversas com os espectadores, nasceram cenas como uma em que a personagem de Débora (uma funcionária abusada pela chefe) toca bateria. “O público sentia a necessidade de essa personagem gritar, ter um escape”, conta a atriz.
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Occupy
Em sua pesquisa com Jussara Trindade para o livro “Teatro(s) de Rua do Brasil: A Luta Pelo Espaço Público”, lançado recentemente pelo Rumos Itaú Cultural, Licko Turle —fundador do Centro de Teatro do Oprimido ao lado de Augusto Boal— diz ter percebido que, durante as recentes manifestações, alguns espetáculos de rua eram confundidos com protestos. “Às vezes, a polícia chegava [aos artistas] de uma forma truculenta”, conta.
Ele e Jussara pesquisaram grupos de rua de 2015 para cá em quase todos os Estados brasileiros (com a exceção de Tocantins). Perceberam a falta de fomento para essas companhias e a pouca participação delas em festivais. Por outro lado, viram um crescimento muito grande do número de trupes. Licko calcula que, em 2007, havia cerca de 40 no país. Hoje seriam mais de mil.
A rua, porém, está mais disputada. Seja por festas, shows ou outros eventos. “O espaço público hoje é a bola da vez”, comenta.
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Natalino
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Tudo que reluz
Ary Fontoura irá protagonizar uma montagem de “Num Lago Dourado”, peça de 1979 do americano Ernest Thompson.
O ator fará o papel que foi de Henry Fonda na adaptação cinematográfica da trama, dirigida por Mark Rydell em 1981: o professor aposentado Norman Thayer, que durante o verão precisa cuidar do neto. Mas Norman e a filha, mãe do garoto, mantém uma relação tensa.
O espetáculo terá direção de Elias Andreato. A produção, atualmente em fase de captação, está prevista para estrear em São Paulo em março. No início do próximo ano deve ser definido o restante do elenco.
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Pequeno ato
No casamento de Romeu e Julieta:
FREI LOURENÇO
De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Sua lâmina não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.