70% dos projetos da Rouanet são de pequeno porte, diz pesquisa que analisa os 25 anos da lei

Maria Luísa Barsanelli

A APTR (Associação dos Produtores de Teatro) publicará em e-book no fim do mês uma pesquisa sobre os 25 anos da Lei Rouanet. O levantamento foi coordenado por Henilton Menezes, ex-secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, a partir de dados do MinC.

“A lei nesses últimos anos foi muito demonizada e as informações não convergiam para o que a gente via”, diz Eduardo Barata, um dos diretores da APTR. “[A pesquisa] é um entendimento de como essa ferramente é importante para a cultura nacional.”

Segundo Bianca de Felippes, outra diretora da APTR, a pesquisa mostra que quase 70% dos projetos realizados são de até R$ 500 mil (de pequeno porte) e que o Fundo Nacional de Cultura, criado para descentralizar projetos, na realidade repete a proporção do mecenato (patrocínio): concentra-se no eixo Rio-São Paulo.

A associação pretende fazer ainda uma edição impressa com mil exemplares do livro. O custo (R$ 40 mil) deve ser dividido entre os associados.

Croqui

 

Figurino de  Fábio Namatame  para a personagem Eliza Doolittle, de 'My Fair Lady'; a montagem do  musical, com direção de Jorge Takla e o barítono Paulo Szot no elenco, estreia no dia 27 de agosto no Teatro Santander
Figurino de Fábio Namatame para a personagem Eliza Doolittle, de ‘My Fair Lady’; a montagem do musical, com direção de Jorge Takla e o barítono Paulo Szot no elenco, estreia no dia 27/8 no Teatro Santander

Arquivo aberto

 

“Gracias, Señor”, peça de 1972 do Teatro Oficina com músicas de Chico Buarque, deve ser recontada em documentário dirigido por Hermano Penna (“Aos Ventos que Virão”).

À época, o diretor trabalhava como assistente de fotografia de Jorge Bodanzky, que registrou em vídeo sessões do espetáculo no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo.

Penna encontrou cerca de 30 slides que fez da peça. “[O filme] vai começar mostrando para o [diretor] Zé Celso essas fotos que ele nunca viu. Vamos gravar a memória emotiva dele a partir dessas imagens”, diz Penna.

O projeto está em fase de captação.

Vale a pena ver de novo Noemi Marinho irá remontar seu primeiro texto, “Fulaninha e Dona Coisa”, com estreia marcada para novembro no Teatro Raul Cortez, em São Paulo. Escrita no fim dos anos 1980, a comédia, que retrata o embate entre uma empregada e sua patroa, vai ser repaginada e ganhar temas mais atuais.

Intocáveis “#broncadequê”, texto de Rogério Blat com direção de Ernesto Piccolo, estreia no dia 14 de julho no Teatro Sérgio Cardoso. O espetáculo juvenil, que fala do preconceito, conta com um ator com síndrome de Down (Pedro Baião) no elenco.

Pequeno ato

 

Eu vivi cinco anos na aldeia. Fiquei tão imersa que me senti à margem. Eu não era índia. Mas a cidade já não fazia parte da minha vida. A morte dentro da aldeia foi uma das cenas mais marcantes, o morto é arrumado como se fosse a uma festa e dizem que seus espíritos vão para a aldeia dos mortos. Quando o Gavião devora o espírito, a existência acaba ali. Fica como um vento. É por isso que todos os espíritos dos índios guerreiam contra os pássaros, para que possam continuar a sua vida na aldeia dos mortos junto aos seus parentes. É isso que acontece com os espíritos dos índios. Deve ser do mesmo jeito com todas as almas.

Trecho de “Gavião de Duas Cabeças”, que a atriz Andreia Duarte estreia em 5/7 na Funarte

 

colaborou GUILHERME GENESTRETI